Dante Vescio e a escrita de terror
Hoje o papo é com o Dante Vescio! Ele é um premiado diretor, escritor e produtor de São Paulo, Brasil, focado em cinema de gênero e videoclipes.
Conheci ele através do curso de escrita para terror que ele ministra pela Roteiraria! Que super recomendo para quem quer aprender mais sobre o gênero!
Ele tem vários trabalhos produzidos, entre eles o longa O Diabo Mora Aqui, que está disponível na Amazon Prime.
Além de longas e curtas, Dante produziu trabalhou na produção de 2 vídeos clips:
No papo falamos um pouco sobre terror e ele também deu algumas dicas para quem está começando na carreira de roteirista! Aproveita que o papo tá bom demais!
Onde você busca inspirações para os seus filmes?
A minha fonte de inspiração mais constante é a música. Tenho uma coleção enorme de álbuns antigos e obscuros que eu sempre revisito pra me inspirar a pensar em premissas, cenas, personagens, atmosfera. Depois da música, me inspiro bastante em filmes, claro! Tento também me inspirar em situações do mundo, entender o clima atual das coisas e transpôr isso pra uma estória.
Porque escrita de terror?
Terror é o gênero com o maior número de possibilidades pra contar uma estória envolvente. Ele se conecta a instintos humanos muito primitivos e incita emoções viscerais. Ele abre portas pra retratos da condição humana através de situações fantásticas e fala muito sobre o mundo em que vivemos. Além disso, é o gênero que mais permite um trabalho visual único.
Qual é o segredo para um bom filme de terror?
Uma boa estória, bons personagens, construção de atmosfera e tensão, cenas criativas, um bom vilão. Conseguir encontrar o difícil equilíbrio entre as convenções de gênero e algo inesperado e surpreendente.
Filme do século?
“Hereditário”.
Entre os seus filmes, qual você ama e qual você mantém no fundo do baú?
Gosto de todos os meus filmes, alguns mais e alguns menos – e cada um por um motive diferente. “Dead Teenager Séance”, o meu último, é provavelmente o melhor e mais bem resolvido de forma geral. “O Diabo Mora Aqui”, o meu primeiro longa, é provavelmente o meu filme com mais problemas – compreensível, já que é um longa e tem mais espaço pra erros.
Você tem um método para escrita?
Eu passo por períodos de construção interna muito longos com os meus projetos. São meses, às vezes até anos, buscando inspiração em música, filmes e na vida pra uma estória.
Nas minhas Notas no celular, tenho uma aba dedicada a cada um dos meus roteiros, onde vou anotando idéias, cenas, personagens, sensações e por aí vai, cada vez que algo me inspira ou me dá uma luz.
Ouço música constantentemente pra criar cenas e situações que me agradam. Muitas vezes, depois de anos uma dessas cenas que imaginei se transforma numa estória completa. Outras vezes, no mesmo segundo em que ouço uma música que me inspira, uma estória já se apresenta quase completa.
Quando tenho uma estória delineada o suficiente na minha cabeça, começo a escrever um outline da narrativa, tentando preencher o máximo possível. Quando sinto que tenho entendimento suficiente sobre esse material, parto pro argumento e, finalmente, pro roteiro.
Para quem tá iniciando, qual seria sua dica de ouro?
Esteja constantemente antenado e buscando inspiração em tudo ao seu redor. Ouça música, veja filmes, leia livros, converse com pessoas.
Lute contra o medo. Medo e insegurança são inerentes ao artista – e no caso, escritor -, mas faça de tudo pra lutar contra isso. Não deixe de escrever sua estória por medo. Um roteiro ruim escrito é melhor que um roteiro ótimo não escrito.
Filme que você mais assistiu e porquê?
“Tubarão”. Já assisti mais de 100 vezes, literalmente. É o filme que assistia todos os dias quando era criança e adolescente, e sigo assistindo constantemente até hoje.
Pra mim, é um dos filmes mais perfeitos e incríveis já feitos. Tudo nele é brilhante, do roteiro à direção, elenco, trilha-sonora, por aí vai. Uma obra-prima inigualável.
Indica algum livro ou filme sobre escrita de terror?
Os livros clássicos de escrita de roteiro se aplicam perfeitamente ao terror, de Sydney Field a Robert Mckee. Depois disso, leia roteiros dos grandes filmes de terror. Ler roteiros, entender como eles se estruturam e se desenvolvem, é essencial.
Espero que vocês tenham gostado das dicas e do papo com o Dante!
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